A Saga (Parte 2)
- AMDF

- 17 de dez. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de fev. de 2024
por Khelly Corrêa
(...continuação)
Eu seguia, mas começava a ver dificuldades naquela que era a minha cidade perfeita. Algum tempo se passou e senti que quebrou o encantamento e a realidade feriu, revoltou. Problemas com o consumo indevido de água potável, problemas com acessibilidade no centro e bairros, estavam muito aquém das falas.
O trânsito, com muitos problemas por falta de campanhas educativas, apesar da superpopulação de pessoas com deficiência por acidentes de trânsito na cidade.

Khelly (de verde) e seu Rubens (â direita) em reunião com o CMPD de Maringá.
O Conselho Municipal da Pessoa Deficiente - CMDPD hoje, como no passado, é tímido nas palavras e nas campanhas. Durante setenta longos anos se mantiveram sem uma secretaria que pudesse atender às necessidades e demandas de forma efetiva, por exemplo:
direitos humanos, que visam garantir a dignidade e a integridade da pessoa, especialmente frente ao Estado e suas estruturas de poder;
cidadania, que assegura o equilíbrio entre os direitos e deveres do indivíduo em relação à sociedade e da sociedade em relação ao indivíduo.
Só para ilustrar:
para a pessoa com deficiência em 2023, por exemplo, investimento zero, segundo fontes, por ser mínimo o repasse da prefeitura.
projetos apresentados, como o de acessibilidade, que não avançaram;
e a verba, a exemplo da verba do Condomínio PCD's, vai para algum projeto de outra natureza;
secretarias com demandas importantíssimas sendo marteladas ao se destacarem;
e nascem outras secretarias que nada mais são que cabides de emprego em tempos de campanhas políticas;
quando vão remanejando o pessoal, fazendo novas parcerias, intuindo dobradinha, pelo terrível fato de se manterem no poder.
Investimento, mesmo, está nas redes sociais, onde se vende o peixe sem espinha, onde máscaras caem revelando fatos contra os quais não cabem argumentos. Percebi que secava gelo.
Decidi ir para a Câmara de Vereadores. As sessões da Câmara, na época, aconteciam à noite. Convidei uma amiga e fomos. Não sei dizer o mês, mas o ano era 2015. As lembranças do dia do massacre dos professores em Curitiba-PR pareciam muito presentes na memória dos frequentadores.
A pauta acalorava o ambiente cheio de comoção, dado o tamanho da tragédia. Tomada de ternura pelos mestres do conhecimento, me solidarizei com a causa, manifestei meu protesto e, num gesto de levantar a mão e falar algo, encontrei um olhar gentil que esticava a mão em minha direção.
Aceitei seu cumprimento e minha amiga, que também fora saudada pelo gentil cavalheiro, disse-me, a respeito do estranho que se manifestava pelos professores, que era vereador. Pedi a ela, então, que me conseguisse o e-mail do vereador Ulisses Maia. *
Passado algum tempo e mais problemas na minha cidade perfeita. Enviei um e-mail ao senhor vereador. Ele respondeu-me no dia seguinte e demos início a uma conversação sobre a lei. Falou, entre outras coisas, que era dele a lei de controle do consumo de água e enviou-me por email. Pediu meu número de telefone e se colocou à disposição, sempre muito atencioso.
Continuamos a falar sobre uma fiscalização, pois pesquisando na Sanepar (fornecedora de água do PR) sobre se consumidores recebiam alguma notificação a respeito, as respostas negativas surgiam como uma preocupação. A solução que vi nas campanhas de controle deveriam ser urgentes.
Encaminhei para meu amigo Rubens que prometeu levar para o CMDPD (Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência) e a resposta foi que "não era de sua competência".
Então questionei a acessibilidade, por andar pela cidade empurrando minha cadeira e sofrendo com calçadas, rampas e a falta delas. Meu caminho para a minha escola passava por dentro do Campus da UEM (Universidade Estadual de Maringá) e lá era uma vergonha, por ser uma Universidade que tinha alunos com deficiência.
Levei o problema para seu Rubens, que o encaminhou para o CMDPD e... nada!
Então, ele mesmo fez contato com a reitoria da UEM. Foi muito bem atendido e o convidaram para uma reportagem com o pessoal da área da comunicação da própria universidade.
Ele me chamou e fomos para mostrar a eles as barreiras arquitetônicas. A repercussão foi ótima. E logo foi chamado pela Cesumar (Centro de Ensino Superior de Maringá). Parecia ter chamado a atenção para a AMDF-PR e suas demandas.
E o tempo não parava. Eu trabalhava, estudava, cuidava da minha família e seguia minha vida numa rotina cansativa, mas ainda assim tinha uma amizade próxima com seu Rubens que me contava as novidades e me chamava para as festas da AMDF-PR, que quando eu podia, participava.
As festas reuniam muita gente, pessoas com deficiência e suas famílias, voluntários e simpatizantes, em um dia inteiro de festa e muitas alegrias, reunindo forças para seguir em frente em nossa luta de constante superação.

E a AMDF participava de todas as animadíssimas festas, para promover o lazer das pessoas com necessidades especiais.
Todo o dia 03 de dezembro era de festa! A ADEFIS (Associação dos Deficientes Físicos de Sarandi) e a AMDF comemoravam, juntas, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Era uma união bonita de ver! Duas entidades unidas pela forte amizade de seus presidentes, seu Rubens e seu Jorge.
No mais, continuava a falar com a vereador Ulisses Maia e questionava outros projetos na área da inclusão, o qual respondia num tom de quem preparava uma estratégia para essas questões. Até a próxima!
(Continua...)

Seu Jorge Pacífico (na foto acima, de camisa amarela e muletas, recebendo o microfone de um dos integrantes da banda que abrilhantava a festa). Na frente, da esquerda para a direita: a “princesa” Rose, Jair (Pastelzinho Cadeirante), o amigo ao lado de Jair que chamarei de Luis, e khelly.






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